LABORATÓRIO DE EXPERIMENTAÇÃO E INOVAÇÃO EM GOVERNANÇA: Edição 2022
Conectando a Governança para Promover a Justiça Climática
Quais são os caminhos para conectar o conhecimento tradicional e científico e promover justiça climática dentro da governança das comunidades estuarino-costeiras? Essa é a pergunta que direciona esta proposta. Na verdade, propor esses caminhos não é uma tarefa simples porque precisa de um olhar holístico e esse é um dos principais desafios para a ciência que não pratica uma visão transdisciplinar, principalmente pela falta de inclusão da “filosofia” dos sistemas socioecológicos. Desafios e lacunas no processo de adaptação e resiliência climática das comunidades tradicionais foram vislumbradas no desenvolvimento de três projetos: 1) “Redes do Conhecimento Tradicional” realizado pela Associação Sarambuí e o Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA) através do financiamento da Fundação Rufford em 2019, 2) “Ciência Cidadã: Construindo uma Rede de Observação” financiado pela British Council através do Instituto Ayni em 2021 e 3) “Mangues da Amazônia” financiado pela Petrobras Socioambiental 2018. Neste sentido, a gênese da proposta “Conectando a governança para promover justiça climática” provém da inspiração do pensamento de Elinor Ostrom e traz soluções como tentativas para preencher essas lacunas.
O objetivo é propor caminhos para “conectar” os conhecimentos e promover justiça climática, através da unificação do conhecimento tradicional-científico, do protagonismo comunitário e do intercâmbio de informação, nas estruturas sociais tradicionais que dependem dos recursos comuns do ecossistema manguezal, também conhecidas como a “civilização do mangue”. As “territorialidades” do Laboratório de Experimentação e Inovação em Governança da Silo permitiram a colaboração de profissionais que renovaram a proposta com suas ideias, personalidades, histórias, trajetórias, experiências e metodologias. Com essa sinergia holística foi possível conectar de forma inovadora os saberes do mangue e as mudanças climáticas com os perfis profissionais de cada colaborador, desde a comunicação, captação de recursos e relações internacionais, a educação, as artes e divulgação científica, o desenvolvimento cultural, a cultura livre, a curadoria e até a inter-religiosidade. No fim, foi co-criado um protótipo em formato de metodologia cíclica, inspirado em Elinor Ostrom, com 4 passos:
1) Diagnóstico Climático que permitirá conhecer mais sobre o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável ODS 13 de forma contextualizada à realidade das comunidades estuarino-costeiras e com base na experiência das percepções climáticas dentro do projeto Ciência Cidadã realizado na região norte,
2) Contato pedagógico-climático a partir do manual “Jovens Engajados pelo Meio Ambiente e Sociedade” JEMAS, que visa ser uma ferramenta didática para que educadores possam abordar temáticas do clima ou ainda inserir a “Alfabetização Climática” dentro das escolas,
3) Estruturação e organização comunitária para definir ações permitindo atuar com ideias para e dentro das comunidades estuarino-costeiras, e assim, promover a adaptação e resiliência climática, e
4) Ação e retroalimentação do ciclo para fortalecer a governança ambiental e climática das comunidades estuarino-costeiras em prol de incentivar a inserção comunitária dentro de propostas de políticas públicas
O protótipo também resultou no design de um site do Laboratório do Mangue com informação que provém da curadoria científica e cultural do manguezal, através da procura realizada no Lab. de Governança da Silo. A proposta criou muitas raízes científicas, comunicativas, artísticas, educativas e culturais ao longo do processo imersivo no Laboratório, já que conectar a governança e inserir a temática justiça climática dentro da comunidade tradicional e acadêmica ainda é um desafio. Por isso os produtos co-criados serão relevantes para dar continuidade aos próximos passos que são, captar recursos para executar um piloto de forma colaborativa o Laboratório Cidadão do Mangue dentro das comunidades estuarino-costeiras e promover a co-criação de uma “Rede de Jovens pelo Mangue” em prol de formular políticas públicas de forma contextualizada e assim, incentivar o tão anhelado desenvolvimento sustentável comunitário.